Por Bernardete Toneto, Segurança Pública
A ocupação dos morros pelas organizações criminosas levou à criação de um estereótipo: favela é lugar de bandido. Será?
"Barracão de zinco, sem telhado, sem pintura, lá no morro barracão é bangalô. Lá não existe felicidade de arranha-céu, pois quem mora lá no morro já vive pertinho do céu." Os versos do samba "Ave-Maria no Morro", composto em 1942 por Herivelto Martins, revela uma época em que a favela era sinônimo de beleza e melancolia. Da mesma forma que a visão era errada nas décadas de 1930 a 1950, hoje também as favelas - em especial as do Rio de Janeiro - não são reduto do crime organizado, como noticiam os meios de comunicação social e faz supor a nossa vã filosofia.
Até a primeira metade do século XX, muitas músicas enalteciam o morro como lugar de amizade e solidariedade. O romantismo era tão grande que os compositores Cartola e Carlos Cachaça (ambos moradores do Morro da Mangueira) e Hermínio Bello de Carvalho compuseram o samba "Alvorada", cuja letra proclama: "Alvorada lá no morro que beleza. Ninguém chora, não há tristeza, ninguém sente dissabor. O sol colorido é tão lindo, e a natureza sorrindo, tingindo, tingindo a alvorada."
A poesia foi uma forma de camuflar a realidade. A primeira favela carioca foi a do Morro da Providência, antigo Morro da Favela. A ideia da época era limpar as regiões centrais da cidade, dando um ar de modernidade à capital da República. Por isso, em 1893, os pobres que viviam em cortiços, como o da Cabeça de Porco, foram enviados para os morros sem nenhum tipo de atendimento e de infraestrutura habitacional. Logo depois chegariam os soldados que haviam lutado na Guerra de Canudos, no sertão nordestino.
Assim, o Rio de Janeiro passou a ser sinônimo de favelas, consideradas guetos de pobres e da marginalidade.
"Pior do que uma mulher que fala o que pensa é uma mulher que escreve." Bárbara B. Santos
25 de nov. de 2010
Rio 40º
Infelizmente estamos passando por dias horríveis na cidade que, apesar dos pesares, insistimos em chamar de Maravilhosa. Há tempos que já não podemos chamá-la assim. Mas, por uma espécie de ilusão confortante - e necessária, na maioria das vezes - achamos que ainda moramos num lugar privilegiado.
É. Talvez.
Temos do que nos gabar, realmente. Temos praias, paisagens e pessoas maravilhosas, entre outras coisas. Mas, em contrapartida, temos a cidade do Brasil melhor equipada quando falamos em armas de fogo. Podendo ser assemelhada à Colômbia. Só que na Colômbia, metade do país é dos bandidos e, a outra metade, do Governo. Aqui, nem sabemos mais se o Governo manda em alguma coisa.
Só nos resta rezar. Pedir à Deus que a "paz" volte a reinar novamente. Pelo menos, a "paz" que já estamos acostumados.
Boa noite!
É. Talvez.
Temos do que nos gabar, realmente. Temos praias, paisagens e pessoas maravilhosas, entre outras coisas. Mas, em contrapartida, temos a cidade do Brasil melhor equipada quando falamos em armas de fogo. Podendo ser assemelhada à Colômbia. Só que na Colômbia, metade do país é dos bandidos e, a outra metade, do Governo. Aqui, nem sabemos mais se o Governo manda em alguma coisa.
Só nos resta rezar. Pedir à Deus que a "paz" volte a reinar novamente. Pelo menos, a "paz" que já estamos acostumados.
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